Thursday, July 05, 2007

Vinte e três

Meu nome é Jonny Serrano Casablancas, eu nasci às 23:00, no dia 23 de novembro de 1974. Minha avó e avô nasceram em 1923, eles se conheceram e casaram e tiveram sua primeira criança, minha mãe, 23 anos mais tarde em 1946. Minha mãe conheceu meu pai em 1969, 23 anos mais tarde. 23 meses depois de se conhecerem, eles se casaram em 1971. 23 meses mais tarde, eu nasci. O número 23 continua brotando.
Eu tenho 23 letras no meu nome. Quando eu desci no aeroporto, eu olhei pela janela, o primeiro número que eu vi, 23, pintado no tarmac. Eu me deitei, acordado no quarto do hotel e olhei de relance pro ar-condicionado, 23 graus, assentei o volume na TV, 23 é um bom volume para mim. Talvez eu esteja ficando louco, mas esse número parece ter alguma relevância para minha vida.
Eu trabalho como atendente de banheiro em um clube, três dias na semana, usualmente nos fins de semana. É meia-noite do dia 22 de novembro de 1997, eu farei 23 em um dia. Eu quero mais pra minha vida do que isso.
Jonny está limpando uma privada entupida. Está cheia até a borda com papel e merda. Um homem de negócios entra no banheiro. Ele está cheirando cocaína. Jonny o ouve pela parede. O telefone celular do cara toca. Ele atende. O cara parece nervoso. Ele desliga o telefone.
Ele sai do cubículo e lava seu rosto ao espelho. Ele está suando. Tremendo, Jonny pergunta "o que é que há? Você está bem?". O cara diz "É, sinto muito, estou bem", e mete a mão no bolso. Ele derruba alguma merda no chão. Ele dá a Jonny alguns dólares quando ele pega as suas coisas. O cara sai. Jonny checa o cubículo. Há uma linha de cocaína largada e a carteira do cara, com cartões de crédito e chaves de um quarto de hotel.
O nome no cartão é Jake Smart. O número no 'cartão-chave' é 23. Jonny se curva, cheira a linha de cocaína, e empurra a chave no seu bolso. Outro cara entra no banheiro. Ele troca de lugar com Jonny. Jonny sobe as escadas em direção ao bar, ele vê o cara do banheiro sair do bar, ele o segue do lado de fora, tirando um cigarro.
Quando Jonny acende o cigarro, ele ouve um barulho de pneus, olha e o cara é levantado por um carro. O carro sai em disparada. Polícia, ambulâncias e etc. chegam à cena. O cara está morto.
Jonny anda de volta para o bar. Ele toma uma dose de vodka. Ele tira a chave do quarto, e pensa um pouco. Ele olha para o 23 no cartão. Ele olha em volta buscando um sinal. A TV está no canal 23. O cara bebendo em uma cabine está usando uma camisa do Michael Jordan com 23 no peito. Jonny levanta e anda para a rua. Ele olha para a sua esquerda, o hotel está logo ali.
Ele entra no saguão. Olha ao redor. É bem movimentado, e caro. Ele vai até o telefone da casa, disca, espera e pede para a operadora entrar em contato com Jake Smart, quarto 23. "Sinto muito senhor, não há resposta do quarto esta hora" ela responde. Jonny olha de novo para a chave. 23. Ele vai para o elevador. Uma mulher bonita entra. Italiana. Obscura. Impressionantes sapatos, malha e saia. Ela tem latentes olhos verde-acinzentados. Jonny não consegue tirar os olhos dela. Ela sai no mesmo andar que Jonny.
Jonny se afasta e deixa-a ir primeiro. Ele a encara. É incrível. Ela passa pelo 20, 21, 22, 23, e vai na direção do 24. Ambos passam os seus cartões ao mesmo tempo. Ela derruba alguma coisa, Jonny abaixa e pega para ela. Ela ri e diz obrigado. "Eu acho que somos vizinhos! Meu nome é Emilia" Ela aperta sua mão, Jonny hesita e responde, "Oi. Jake... Jake Smart!" "Oi Jake" ela responde. Ambos entram em seus respectivos quartos. Jonny é surpreendido por essa mulher. Jonny anda dentro da sala.
Ele não faz idéia de que caralho ele está fazendo ali. Ele se inclina atrás da porta. Ele olha ao redor da sala. A mala de Jake está aberta na cama. Ele anda, abre o mini-bar, pega uma miniatura de vodka. Vira a garrafa. Senta na cama. Olha para a mala, remexe entre as roupas, na maioria camisas e calças. Ele acha um estojo com cartões de negócios, e abre. Jake Smart. "Seja esperto, tenha sorte" não diz pra que é. Jonny olha ao redor. "Que caralho esse cara faz?".

Ele procura no banheiro, passa pelos produtos de beleza. Batem na porta. Jonny pula, "oh, fodeu", ele olha pelo olho-mágico. É Emília, do 24. Ele abre a porta. "Oi, eu realmente sinto muito em incomodar você, mas você sabe alguma coisa sobre como ficar on-line? Eu preciso mesmo responder alguns e-mails e não faço idéia de como entrar nesse sistema” Jonny diz “claro”, e entra no quarto de Emilia. O quarto cheira bem. Ela tem roupas penduradas, e ele vê algumas calcinhas no chão do banheiro antes dela fechar a porta. Ele se senta ao laptop dela, colocando-o na mesa e a coloca on-line em um flash. “Lá vai!”, Jonny diz. Emilia sorri e diz “obrigado”. “A qualquer hora”, diz Jonny. Ela pergunta o quê ele está fazendo na cidade. Jonny hesita um pouco e responde, “só negócios, e você?”. “Eu estou numa parada de duas noites”, diz Emilia. Jonny não entende. Ela responde de novo, “eu trabalho em uma classe superior em linhas aéreas, eu sou aeromoça”. “Ah! Entendi”, diz Jonny. “Deve ficar bem solitária nesses quartos de hotel, sozinha o tempo todo”. “Eu tenho meios de me entreter, Jake”. Jonny responde, “ah, é?”. “É” ela vai até a sua mala, e tira um agasalho. “E quanto a você? Você está sozinho hoje à noite?”.
Jonny olha ao redor, ele não pode acreditar no que está acontecendo. “É. Viajar é uma estrada solitária”. Ela desenrola o agasalho, coloca alguma cocaína na mesa e tira um canudo de inalar de ouro. Ela cheira a linha e oferece a Jake. “Você quer um pouco?”. Jonny senta-se à mesa cheira a linha. Quando ele se vira, Emilia está parada na entrada, com a porta aberta, indicando que Jonny deve sair.
Jonny fica confuso, levanta e anda em direção a porta. “Obrigada Jake, tenha uma boa noite”. Jonny a olha de cima a baixo, ele a quer. Ele polidamente diz “sem problemas”, e sai.
Ele volta ao quarto 23, deita na cama e se pergunta que caralho está acontecendo. A cocaína o mantém acordado. Ele vê o menu do serviço do quarto. Pede hamburgers e fritas. Ele liga a TV, passando pelos canais, toma outra vodka. Batem na porta após enfadonhos vinte minutos. Ele abre a porta, é o pessoal do serviço de quarto. Ele deixa o garçom entrar, dois caras vestidos com uniforme de piloto passam andando pelo quarto e batem na próxima porta, quarto 24. Emilia os deixa entrar. O moleque garçom do hotel sorri pra Jonny enquanto ele vai servindo a comida, desenrolando o plástico de embrulho, etc. “Mais alguma coisa que eu possa fazer por você, senhor Smart?”. “Não, isso já está ótimo”. Jonny fica se perguntando por que os pilotos estão indo para o quarto de Emilia nas primeiras horas da manhã. “Okay, nós temos um presente do gerente, senhor”. O moleque sai e traz uma sobremesa francesa, uma obra de arte. Jonny fica confuso quanto à razão de estar recebendo tratamento especial. Mas aceita mesmo assim. “Seja esperto!”, o moleque diz com um sorriso malicioso. Jonny percebe que este é o slogan no cartão de Jake Smart. Quem caralho é esse cara? Jonny pensa. Jonny come o hambúrguer enquanto assiste TV, e ele ouve gargalhadas, gemidos e batidas lá pela próxima porta. Claramente Emilia está fazendo sexo com os pilotos. Jonny aumenta o volume da TV, toma outro drink, e come a sobremesa.

São 4:00 da manhã. Jonny está sentado na cama, sonolento. A TV está ligada. O telefone toca. Jonny pula e atende, a voz pergunta “Jake?”. Jonny meio cochilando, “O que? Não, você ligou pro cara errado”, e desliga.
O telefone toca de novo, “Jake?”. Jonny atende ao telefone, “o que? Vai se foder!”. Jonny desliga, rola na cama e volta a dormir. Após segundos ele percebe ‘que caralho!’, abre os olhos e se lembra, ele está brincando de Jake! O telefone toca de novo, “Jake?”, “É, é o Jake, quem é?”, Jonny pergunta. “Aqui é Hunky Dory, qual é a história?”. “O que?”, diz Jonny. Hunky Dory responde, “O Café Verde, uma hora!”. O telefone fica mudo. Jonny olha para o seu relógio, 4.05 da manhã. Em 20 horas, Jonny vai ter 23 anos.
Jonny levanta da cama. Ele se veste com as roupas de Jake, pega sua valise, e sai do quarto como Jake Smart. Ele vai até o elevador. Quando as portas estão para se fechar, uma mão entra pela porta. São os dois pilotos. Altos, com pressa e parecendo nervosos. Johnny mantém sua cabeça baixa. Eles chegam ao saguão.
Jonny pega um táxi. O táxi vai silencioso e sonhador, luzes da rua, pessoas da noite, etc. Para na esquina. O preço da corrida é 23 pesos. Jonny sai do táxi. O café verde está do outro lado. Um letreiro diz “café verde” em néon. Tem um cara em um cubículo, nós podemos ver pela janela, ele fumando um cigarro por uma piteira, ele tem um corte de cabelo estilo Warhol e um terno de veludo marrom, O café está vazio. Jonny cruza a rua. Entra no café, pede uma xícara de café, e senta-se ao balcão. Hunky Dory acena com a cabeça para Jonny. Jonny levanta e vai até a mesa. “Jake?”. Jonny acena com a cabeça. “Hunky Dory?”. Ambos acenam. Jonny senta.
Hunky Dory começa, “eu ouvi muito a seu respeito! É bom ligar o rosto ao nome!”. Johnny sorri, “é, você também”. O café chega. Hunky Dory pega outro cigarro, e diz pra Jonny “então, tudo certo?”. Jonny, agora nervoso, “bem, eu to meio por fora do plano todo, uma certa falha de comunicação, você sabe”. Hunky Dory sorri, “é, eu te ouvi. Bem, aqui vai o negócio. São 5:00 da manhã agora, 22 de setembro. Às 23.00 hoje à noite, você tem de chegar ao solário e piscina de Carnaby. Um homem chamado Will Power vai te encontrar no vestiário. No vestiário você vai trocar isso”. Hunky Dory mostra um pequeno saco de feijão ‘João e o pé de feijão’. “O que tem no saco?”, pergunta Jonny. “23 chaves”, diz Hunky Dory. “Chaves pra que?”. “Nós chegaremos lá”, responde Hunky Dory. “Você vai levar o saco ao hotel Dorchester. No 23º andar, tem um cara chamado Bigbsy Gretch, esperando ao elevador. Ele vai lhe levar ao quarto 2300. Neste quarto há uma mulher, seu nome é Mariner Holiday. Você vai lhe dar o saco. Ela vai lhe dar um saco. Ela vai fazer você foder ela, porque é isso que ela faz, e o que ela gosta. Você limpa seu pau, sai, e me encontra de volta às 11:00 da manhã, 23 de setembro, com o saco. Quando você me der o saco, eu te dou sua liberdade, a vida segue.” Hunky Dory levanta e sai.

Jonny pensa em que porra ele se meteu. Jonny se levanta e anda, descendo a rua. Ele entra em um clube. Música estrondando. Pessoas dançando. Ele pede um drinque no bar. Uma menina bonita o serve. Ela não dá a mínima. Ele percebe que não tem nenhum dinheiro. Fodeu! Ele tem de pagar com o cartão de crédito de Jake Smart. Ele entrega o cartão, a moça pega, e volta sorrindo, “obrigado, senhor Smart, apenas assine aqui”. Jonny falsifica a assinatura. A garota flerta e diz “obrigado, tenha sorte, ouviu?”. Jonny balança a cabeça e bebe a dose.
Jonny tira o saco de feijão e abre. Ele segura uma das chaves em suas mãos e pondera a respeito. O gerente do clube vê até ele, “senhor Smart, por favor, não sente-se no bar, nós temos uma cabine em nossa área privada para convidados como o senhor”. Jonny fica confuso, anda pelo clube com o gerente, passando por belas mulheres dançando. Ele leva Jonny para dentro de uma sala de veludo vermelho, outros VIPS bebendo e se drogando. Jonny puxa uma cadeira, toma outra dose, ele tem uma garçonete particular. Jonny se levanta para ir ao banheiro. Passa pela parede de veludo vermelho dos armários. Ele dá um barro, a privada entope, não dá descarga. Ele fica embaraçado. Sai do cubículo. Percebe que não tem grana. Ele não pode saldar o atendente do banheiro. Jonny, embaraçado, sai do banheiro.
Ele olha para a parede de veludo dos armários, tira uma chave. Ele vai direto para o armário 23. A chave entra. Ele roda a chave, e abre a porta. Jonny olha dentro, ele parece confuso e surpreso com o conteúdo. Nós não vemos lá dentro. Jonny tranca o armário, toma seu drinque e sai do clube.
Ele acena para um táxi. O táxi para. Jonny diz para levá-lo de volta para o hotel. Ele volta para o quarto 23. Jonny toma uma cerveja e cai no sono. Ele acorda as 11:00 da manhã, com o barulho de uma porta batendo. Ele abre a porta, olha para o corredor e vê as pernas de Emilia andando em direção ao elevador. Jonny toma uma ducha. Veste-se. Olha para a mala de novo. Ele encontra um zíper, e o abre. Tem um mini-álbum de fotos dentro, Jonny dá uma olhada. Fotos de........??? Nós não vemos. Jonny percebe que o quarto de hotel tem uma porta adjunta. Ele tenta forçar. Abre. Entra no quarto 24.
As roupas de Emília estão espalhadas pela cama. Ele dá uma olhada na mala dela. Entra no banheiro, as calcinhas dela espalhadas pelo chão. Ele procura na mala de banheiro dela. Pega garrafas de loção e ingüento e coisas do tipo. Dá uma olhada em uma das garrafas, e como uma paulada na cara ele se lembra de onde conhece o nome Jake Smart. Jake Smart é o nome da marca em cremes e poções. É uma empresa de cosméticos.
Jonny é Jake Smart, o rei dos cosméticos. Maior que Vidal Sassoon, Jean Paul Gautier, as mulheres amam suas coisas, os homens amam suas coisas porque se eles compram para as mulheres, elas dormem com eles. Seu famoso slogan “seja sortudo, seja esperto”. Jonny sai da sala e vai contando os passos pelo quarto. Em que bagunça do caralho esse multibilionário se meteu?

Jonny olha pro seu relógio. Meio-dia. Ele sai do quarto e sai para jantar panquecas e café. O saguão está meio cheio. Jonny se senta. Come seu café. ‘Oh You Pretty Things’ de Bowie passa na TV. É o comercial de Jake Smart, ‘seja sortudo de coração, e seja parte do mundo que é Jake Smart’. Seus comerciais são sempre cheios de pessoas bonitas, nunca ele... ninguém sabe como ele é. Isso é fato.
Quando Jonny vira as costas pra TV, há uma moça sentada do lado oposto. É Emilia, mas com o cabelo loiro e cortado curto. “Ei! Como está se sentindo?” Jonny... “Emilia!”. Emilia sorri. “Eu estou bem. O que você está fazendo aqui? Que aconteceu com seu cabelo?”. Emilia, mexendo no cabelo “na verdade meu nome é Lola.” “O que”, pergunta Jonny. “O que está acontecendo? O que você quer?”. Lola continua. “Eu sou sua guia”. Jonny, “minha o que?”. Lola, “Sua guia”. Jonny, “minha guia pro quê?”. Lola “pra sua morte”. Jonny “O que?”.
Lola “eu sou sua guia para sua morte”. Jonny “de que caralho você está falando?” Lola “sua vida estava traçada toda diante de você, Jonny.”. “O que estava?”, responde Jonny. Lola “a estrada para a sua morte. Você Nem sequer pensou sobre isso. Câncer, acidente de carro, choque elétrico, infarto, queda de avião; você deve ter se perguntado como você iria. Sorte, destino, toda essa conversa mole. Estou aqui pra te dizer, está quase acabando. Os sinais estiveram lá durante toda a sua vida”. Jonny “que caralho de sinais?”. “23!” responde Lola. “Você viu esse número por toda a sua vida, a maioria das pessoas nunca entende os sinais, nunca aceita as sugestões, algumas pessoas pensam que ter desejo por comer porcaria é um lance dietético. Não é. É um sinal, eles deveriam comer essa merda, porque essa merda os levará para a sua morte, está marcada; a data já está marcada. Infarto, séries de eventos, todos eles te levam para o tempo e data que está marcada desde o momento em que você nasce. Marca a ‘hora do início’ e a ‘hora do fim’. De que outro jeito você acha que haveria lugar para todos vocês? Você viu. Sua avó morreu, sua sobrinha teve um bebê. Pense a respeito. Jonny, você morre no seu vigésimo terceiro aniversário. No vigésimo terceiro dia de novembro, é meia-noite de hoje!”. Jonny, em pânico “quê?”. Lola, calmamente “é isso, Jonny. Como estão suas panquecas? Eu espero que estejam boas”.
Jonny levanta, anda pra fora, e se manda pra rua. Lola o segue. Jonny “porque você está me dizendo isso?”. Lola “porque você leu os sinais, e está na trilha de foder com a sua própria morte. Isso não é uma opinião. Você tem de morrer hoje, mas agora que você tomou a linha da vida de outro alguém... de Jake Smart... por acidente; ele não deveria morrer com aquele carro... mas, hei! Nós cometemos erros também. Você nem deveria estar exposto a essas últimas 15 horas... não estava no script, mas agora eu tenho de fechar a porta nesta situação ridícula em que você se meteu.”. Jonny “Eu nem mesmo sei que caralho isso significa.”. “Está certo”, responde Lola. “E você NÃO VAI.”.
Lola continua, “quando você terminou seu turno da noite passada, era seu dever ir pra casa, ir pra cama, acordar, sair, e quando batesse meia-noite, 23 de novembro, você seria obrigado a morrer repentinamente, com uma mistura de speed e heroína, dada a você por uma mulher inacreditavelmente bonita, que estava fodendo com você no banheiro, no meio da sua festa, a qual pareceria muito comigo!”. Jonny, “mas por quê? Porque eu tenho de morrer tão jovem?”. Lola “essa é uma atitude egoísta, Jonny... você é um atendente de banheiro... porque não você? O que você tem a oferecer para o mundo! Sua morte pode ser o nascer de um Einstein, um Mozart, um Beatle.”. “Fantástico”, responde Jonny, “arrume outra bomba atômica pra você”. “Tanto faz”, responde Lola. Jonny “então, o que você vai fazer?”. Lola “Vou impedir ao solário e piscina. Te levar pra sair e te embebedar. É o seu aniversário. Então você vai me foder no banheiro. Eu vou por a mistura na sua boca, você vai ter uma overdose e morrer. É chato saber o final da história, mas os especialistas em linha da vida não nos deixam outra escolha. Nós temos de atuar nisto ou você vai mudar o destino de um império multibilionário, e danificar todo o futuro e economia da América.
Jonny “porra, ta falando sério?” Lola “sim, estou falando sério. Jake Smart, se não fosse atingido por um carro dirigido por um revolucionário indiano que se esquivou da nossa vista, estaria prestes a investir acima de 5 bilhões de dólares para que o governo dos EUA, quer ele gostasse ou não, fundasse uma guerra no Oriente Médio. Você ouviu a respeito de Howard Hughes, certo? Você sabia que ele dispôs fundos para a guerra do Vietnã?”. Jonny balança a cabeça, sem fala. Lola continua. “Sim, um cara da rua acabou com mais dinheiro do que a América. O governo dos Estados Unidos não gosta disso. Hunky Dory, o cara que você conheceu, sacou que o governo ia meter a mão na grana dele, ou assassina-lo, e ofereceu um trato a Jake.”
Jonny “um trato? Que porra de trato? Se o governo quer o dinheiro dos caras como é que alguém poderia parar isso?” Lola “Hunky Dory ofereceu a ele uma saída. Ele ofereceu a ele um mundo de segredos que poderiam danificar os governantes para sempre. As chaves que você tem, são chaves para abris as portas para um mundo semeado de segredos pelos homens que mandam neste país. Eles vivem em bares e clubes VIP do mundo, boa índole, cocaína, heroína, sexo, a Roma antiga. As chaves abrem armários carregados com drogas, fotografias, vídeos; as figuras do governo, incluindo o presidente, cometendo atos que o mundo realmente não pode ver. Hunky Dory, em troca em troca dessas chaves, poderia pegar metade da grana que o governo teria, 2,5 bilhões, e Jake Smart, após ter subornado o governo, estaria permitido a viver a sua vida como antes, se tornando ainda mais bem sucedido, mais rico, mais poderoso e eventualmente se candidataria a presidente e ganharia, mudando toda a história da América. Ele a transformaria em um mundo ainda mais cosmético, plástico, e dirigido por Hollywood. Se transformaria em algo como a Alemanha de Hitler. As pessoas bonitas iriam comandar, os negros, judeus, irlandeses, muçulmanos, todos seriam deportados e o país se tornaria um filme ambulante de um mundo perfeito, e sonho americano.”
Jonny “você está dizendo que eu vou ser presidente dos Estados Unidos se você não me matar com a mistura hoje à noite?”. Lola “é, sim. A coisa infeliz, é que deste ponto em diante pra você, de qualquer maneira, não há ninguém que tenha visto Jake Smart, então não há razão para você não possa de transformar nele. Ele não tinha família, era um desses caras espertos que se transformaram neste ícone, ele odiava a fama, e o governo ficou tão puto com o fato de que eles não podiam espetar nada nele, e ele estava fazendo mais grana do que qualquer outra pessoa no mundo, que eles quiseram ele fodido. Não gostam de ninguém mais poderoso do que eles”
Jonny “um minuto. O que eu vou ter em retorno uma vez que eu dê essas chaves a Mariner Holiday?” Lola, “primeiro, uma foda, que é uma boa medida, e porque ela ama foder com as pessoas. Segundo, você deve dar a Hunky Dory um saco. O saco deve conter uma bala de ouro e uma arma de ouro. Esta bala é a bala que, eventualmente, matará você, quando você for assassinado uma semana depois de ser eleito. Afinal, nós nunca poderíamos permitir que o mundo se transforme no perfeito sonho americano. Eu quero dizer, o que é um mundo sem conflitos, racismo, assassinato, blá-blá-blá; é por isso que tivemos de matar os Kennedy.” Jonny “vocês mataram os Kennedy?” Lola “que? Você achou que foi Lee Harvey Oswald?”. Jonny “isso é doentio. Eu estava prestes a ser um menino de recados com a bala e a arma que iriam me matar”. Lola, “hei! Isso não tem nada a ver conosco, esse é o mundo do Hunky Dory, nós só lemos os impressos. Eles fundem nossos miolos às vezes também. Tudo que podemos controlar é o tempo da ‘hora do início’ e da ‘hora do fim’. Você cruzou a linha e eu tenho de impedi-lo de pegar o lugar de outro alguém”.
Jonny “mas se eu morrer, quem assume a linha de Jake Smart?”. Lola “ninguém, e isso faz um mundo muito mais fácil. Simplesmente acaba, porque você está morto, e ele também, e isso é tudo. Para. Mas se você continuar vivo, e você tiver toda a identificação desse cara que agora está deitado no necrotério, então o FBI, o governo dos EUA, e Hunky Dory vão atrás do seu rabo”. Jonny “mas que escolha!”. Lola “venha comigo, eu vou te foder gostoso”. Jonny “tenho certeza de que você vai”. “Isso tem de acontecer hoje, Jonny”. Jonny “o que você quer dizer?”. Lola “bem, se você cruzar a sua linha da morte, você pode viver eternamente!”. Jonny “o quê?”. Lola “isso!”. Jonny “você!”. Lola “você, surpreso?”, Jonny “é, eu estou, mas não me parece que você tenha vivido eternamente”. Lola “bem, aí está a reviravolta, Jonny, você viverá eternamente na idade com a qual você cruzou a linha, no seu caso 23, e os deuses o darão trabalho para fazer, como o papel que eu estou representando aqui”. Jonny “você está falando sério?”. Lola “você deveria ver o inferno, cara!”. Jonny olha ao redor. Ele está ansioso, a cabeça fodida. Um caminhão arranca, fazendo um barulho enorme, distraindo Lola, Jonny corre, desviando dos carros pra cima e pra baixo, até que Lola o perde de vista.

Lola “ah! Porra!” são 2:00 da tarde. Jonny se esconde em um bar. Ele bebe doses. Tequila. Ele tenta passar despercebido. Olhando para o relógio. Tenta fazer uma ligação, mas pra quem? Se ele ligar pra mãe e pro pai, eles simplesmente vão desejar a ele um feliz aniversário por amanhã. É emocional. São quase 9:00 da noite. Jonny está bêbado, com uma cara de merda e com medo. Notícias vêm da TV. Os dois pilotos do elevador lá do hotel. Suas fotos estão nos noticiários. O avião em que eles estavam voando, caiu. Dizem que eles eram suspeitos de serem traficantes. Jonny pensa, ‘caralho!’. Ele não quer morrer hoje de noite. Jonny olha para si mesmo no espelho do banheiro. Tem um momento de lucidez. “Mas que caralho eu estou pensando?”. Ele começa a zombar de Lola “minha guia para minha morte... foda-se. Essa porra é pra meter medo!!”. Jonny percebe que se ele entregar a arma e a bala de ouro, ele não vai ser caçado por Hunky Dory e seu pessoal, então ele poderia simplesmente desaparecer, de volta para sua própria vidinha chata, e ignorar toda a merda que Lola jogou pra cima dele. Ao menos ele sabe que Hunky Dory é real. É de carne e osso. Nada dessa história de merda sobre anjos e morte.
Jonny pega um táxi para solário e piscina. Ele entra para encontrar Will Power esperando lá dentro. Ele lhe dá o saco das chaves em troca do saco com a arma e bala de ouro. Nenhuma palavra é dita. Com a arma, Jonny se vira e sai em direção ao Dorchester hotel, em um outro táxi, para encontrar Mariner Holiday. As ruas parecem desgastadas. Ele entra no hotel. No elevador. Vai ao 23º andar. Bigsby Gretch o encontra na porta do elevador. Ele o leva para o quarto. Está escuro. Nós vemos uma silhueta de uma mulher. A voz dela diz “você é Jonny?”. Jonny acena com a cabeça. “Você é Mariner Holiday?”.
Ela chama Jonny. Ele dá a ela o saco. Nós não podemos ver o rosto dela. Mas a figura dela nas sombras é incrível. Ela lança o saco na mesa após ter dado uma olhada dentro. Ela calmamente desabotoa a jaqueta de Jonny no escuro e passa um drinque para ele. Ela se senta na beira da cama, e lentamente puxa Jonny pra cima dela. Jonny está em parafuso. Bêbado, drogado, confuso, mas como sempre, tarado. É quase meia noite, este tem sido um longo e enevoado dia. “Você me quer, Jonny?” Jonny “olha, eu tenho de ir, não sei que porra ta rolando aqui. Eu só quero pagar a minha parte, e quero que esse cara, Hunky Dory, me deixe em paz, pra eu poder voltar a limpar merda das privadas. Isso soa muito convidativo agora.” Mariner mete a mão no meio das pernas de Jonny, “vamos, Jonny, você me quer, não? Mostre-me que tipo de homem você é. Mostre-me o que você pode”. Jonny roda. Ele está atiçado, desorientado. “Vamos Jonny!” Mariner pega a mão de Jonny e passa pelo corpo dela. Jonny começa a ofegar, e após minutos de hesitação, a tentação fica maior que ele, e violentamente, ele começa a rasgar as roupas de Mariner, e desabotoar as suas calças. Mariner desliza sua língua pela boca de Jonny. Ele se joga pra cima dela com ainda mais força. Mariner pega algo atrás dela. “Espere”. Ela, tentadoramente, coloca uma pílula na boca. Jonny, “hei! Nenhuma pra mim?”. Mariner, “oh, você quer uma, docinho?”. Jonny abre a boca. Mariner, “você tem certeza?”. Jonny, “vai, me dá uma!”. Mariner conduz com a língua sua pílula para a boca de Jonny. Jonny engole. Eles gargalham e gemem.
É um sexo sujo e bêbado. Mariner tem o total controle. Guiando Jonny pelo seu corpo. Jonny começa ofegar, suar, rodar. Ele começa a tossir, lutando para manter o foco. Mariner continua a puxar ele para dentro dela. Jonny não consegue respirar, ele rola, cai no chão e vomita em um carpete cor de uva. A luz acende. Jonny hiperventila. Ele luta para levantar os olhos, e olhar para a luz. Seus olhos piscam quando encontram as pernas de Mariner. Ela vai puxando seu vestido, se vestindo. Jonny eventualmente vê o seu rosto. Não é Mariner. É Lola. Jonny olha para o relógio. Olha para a sala. Em meio a tudo rodando, e ele cuspindo sangue, Jonny percebe, Lola lhe deu a mistura que foi feita para lhe matar. Jonny escarra e grita, “isso não pode estar acontecendo, anjos, e linhas de morte, essa você estava falando sério?”. Lola olha para Jonny, balança a cabeça, joga um beijo para ele e sai da sala. O trabalho de Lola terminou. Jonny assiste o relógio chegar à meia-noite de 23 de Novembro. Seus olhos se fecham lentamente. Tudo esmaece e Jonny Serrano Casablancas, lentamente morre no carpete.

por Kelly Jones (Stereophonics),
tradução
Júnior

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